O encontro do dia 19/04 foi muito proveitoso. Lemos um Texto de Machado de Assis, “Idéias do canário” e sua visão de mundo na gaiola, em uma gaiola maior e depois no mundo. Existia também a presença de um outro personagem que era o senhor Macedo que possuía uma outra visão do mundo de maneira científica (com olhar de professor). Relacionamos a Escola como uma gaiola e nós seríamos o canário. E que visão de mundo tem os nossos alunos? Qual visão queremos despertar neles?
Durante a manhã discutimos sobre os conceitos de Cultura, sujeitos, saberes, identidade e prática. Verificamos que esses conceitos se relacionam e interagem com o que significa a educação física e os docentes que participam dela.
Conversamos sobre alguns autores que em seus trabalhos pesquisaram sobre a docência, e as características que demarcaram a suas práticas a partir da década de 90. DAOLIO (1995), BORGES (1995), JÉBER (1996), MOLINA NETO (1998, 2004), BRACHT (1999), ALMEIDA JÚNIOR (2002), FIGUEIREDO (2004). Alguns desses autores citados perceberam que a educação física em alguns momentos era tratada como uma simples atividade destituída de conhecimento. Apenas os dois últimos avançaram em relação à condição de vivência dos professores (muita relação com a prática esportiva) atrelada a formação acadêmica, e juntas refletiram na sua docência.
Na parte da tarde a conversa foi voltada para o nosso memorial, fizemos o exercício de ler e comentar como foi a escrita de cada um, identificar também o que nos levou a fazer o curso (a influência do esporte, a vontade de ser professores). Durante a conversa refletimos e até colocamos em questão o motivo da escolha pelo curso. Ao final conseguimos verificar o quanto a narrativa (nesse caso oral) facilita o entendimento de algumas fases em que a vida escolar, acadêmica e profissional nos desperta questionamentos e, nos relembra de fatos importantes.
Terminamos o dia com a pergunta: O que é ser professor de E.F hoje?
Gostaria que cada um comentasse. BJKS Graciele
8 comentários:
Graciele, seu relato ficou muito bom, ilustrou realmente a aula. Gostaria de lembrar da reflexão dos textos do Machado de Assis e o texto do Nasrudin. Nós professores as vezes queremos tirar nossos alunos da gaiola deles e passar para a nossa gaiola. Ou queremos respostas científicas, como o Sr. Macedo, ao invés das conversas filosóficas do Canário. Penso que estes questionamentos nos fazem buscar entender melhor nossos alunos e o papel da educação física na escola.
Abraços, Gustavo Torquato
caso alguem se interesse por um link das 'ideias do canario'...
http://www.releituras.com/machadodeassis_canario.asp
"— Isso mesmo - respondeu Nasrudin, sentindo-se vitorioso. — Agora vocês já sabem o que é a verdade: é apenas a sua verdade."
Os textos e as discussões tambem nos apontam para a leitura de diferentes verdades, a partir de diferentes sujeitos e contextos historico-sociais; há que se ter cuidado e sensibilidade como professor. Para tal, a revisão dos conceitos e a real apropriação deles é importante... de que os conceitos e ideias que congregam com nossas verdades manifestem-se não somente em nossas falas, mas no cotidiano das nossas práticas.
Há que se ficar atento, para não se colocar somente a seguir canarios, a interroga-los a respeito de sua visão de mundo, achando que isso é reconhecer o aluno e sua realidade:
"— Que mundo? Tu não perdes os maus costumes de professor. O mundo, concluiu solenemente, é um espaço infinito e azul, com o sol por cima."
Nem como no texto de Nasrudin, enquadra-los na nossa verdade, como se fossem pombos desajustados.
Ser professor, na minha opinião, é forçar a porta da gaiola (ora por dentro, ora por fora, com ideias, reflexões ou ações), e ter clareza do que quer com isso; intenções e objetivos... resultados não.
E à educação fisica, o que cabe? Ensinar a voar? Mais rapido e mais forte? Traçar rotas de vôo com maxima eficiencia? Sentir-se ave? Reconhecer no voar, a sua identidade?
(rsrsrsrsr... é bonito, romantico, mas está longe de ser facil ou simples tratar de sentidos... por hora, acho que basta... provisoriamente é isso!)
É companheiros... por vezes pombos...por vezes falcão... por vezes canário... por vezes professor... que loucura e que delícia. Sem culpa, mas refletindo sempre. Este acredito ser o nosso maior desafio. Um abraço, Karla Costa.
Quanto ao memorial, acredito que poderá também nos ajudar a compreender melhor as mudanças ocorridas no campo pedagógico escolar, pois ao voltar a memória para o tempo em que era aluno no ensino fundamental, percebo uma grande diferença comportamental relacionado a mim em comparação aos alunos de hoje. Penso nisso como uma conseqüência natural, uma vez que, a escola sofre reflexos diretos da sociedade e da família e estas vem sofrendo constantes mudanças de valores, devendo isso principalmente à evolução e globalização dos recursos midiáticos os quais permitem uma sociabilidade muito acessível e rápida, possibilitando uma maior interatividade da cultura humana em âmbito local e mundial.
Uma ótima semana para todos;
Ass: Marlos
Oi galera, aproveitando o feriadão?
Ler os relatos da Graciele e lembrar os dois textos que lemos na parte da manhã me deu um nó na garganta, pois ainda não atuo na área e tenho medo de passar para os meus alunos esta visão, de canário, pombo ou gavião. Será que vou fazer igual a seu Macedo querer respostas em tempo e hora e com resultados científicos?
Bom o que importa é que aceitei esse desafio desde o dia em que entrei na graduação e não vou desanimar desde sonho, e é por isso que estou nessa luta na pós, buscando ajuda, tanto dos professores quanto de vocês, meus companheiros de sala.
Fiquei sentido por não ter dado tempo de relatar os memoriais que li, pois os que oportunizaram a leitura me deu forças e vontade de encarar mais esse desafio. Na oportunidade observei que histórias de dificuldades para alcançar os objetivos estão muito perto de todos nós e nossos colegas encontraram meios de vence-los, então não vou ser o elo perdido nessa luta.
Abraço a todos e boa semana. Renatinho.
Pois é! O difícil e bom sabor de sermos professores e professoras de educaçao física... Difícil em algumas horas... acertos em outras... vontade de chutar o balde.. outras horas vontade apenas de entorná-lo. É nessa ciranda cotidiana e permanente que nos tornamos quem somos. "Genteprofessores" incapazes de retirar da nossas açoes, nossos desejos, alegrias, frustrações. Nos reconhecer nessa intensidade da vida (escolar e ou não escolar) faz sair nossa essencia e construir uma docencia um cadinho mais humana, mais sensível para olhar o outro com e para o outro com mais respeito. Bom trabalho!
Fabrine
Pelo relato da Graciele e os demais comentários pude peceber que a aula foi ótima.E que cabe a nós sabermos se estamos dando asas aos nossos alunos ou prendendo-os em nossa gaiola.Abraços,Ailton
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