quarta-feira, 18 de junho de 2008

O que é a ESCOLA?

Olá companheiros.
Em busca de entender melhor esta nossa Escola, sugiro um texto que li no curso de formação promovido pela Prefeitura de Contagem em parceria com o Observatório da Juventude da UFMG. O texto é o capítulo 5: A escola como construção histórica, do livro de Rui Canário " O que é a escola? Um olhar sociológico, editora Porto, Portugal.
Consegui entender melhor esse trajeto da escola a partir da modernidade. Numa linguagem clara e de fácil compreensão o autor inicialmente questiona se a escola hoje está em crise ou em um processo de mutação? Ele questiona sobre o fato de a educação permanecer refém do "escolar" e sobre a centralidade da missão de promoção da cidadania atribuída à escola, sendo ela um mal necessário. Promove um debate sobre a escola num "tempo de certezas", no final do sec. XVIII, período marcado por uma nova ordem política, social e econômica. A escola representa, nessa época, segurança e confiança em uma " pátria nova redimida pela instrução". O professor está neste período muito prestigiado, e investido de imenso poder (o mestre sabe e ensina ao aluno ignorante, privo de nenhum saber legitimado.) Depois desse período chega o "tempo das promessas", período posterior à 2a. grande guerra, no qual há uma passagem da escola elitista para uma escola de massas, prometendo maior desenvolvimento, mobilidade social e igualdade. Essa euforia acaba nos anos 70, quando percebe-se que a democratização da escola não conferiu maior oportunidade social. A linearidade entre as duas coisas foi inexistente e entra-se então num período de decepção e desencanto com a escola caminhando para um " tempo de incertezas" período do último quarto do sec.XX, no qual não é possível fazer planos para o futuro e o "diploma escolar" não dá garantia de nada.
No final o autor questiona se a escola tem futuro e propõe algumas ações interessantes como:
  • construir uma escola onde se aprenda pelo trabalho e não para o trabalho, na qual o aluno passa à condição de produtor, afastando-nos de uma concepção molecular e transmissiva da aprendizagem, evoluindo da repetição de informação para a produção de saber;
  • fazer da escola um lugar onde se desenvolva e estimule o gosto pelo ato intelectual de aprender, onde se ganhe gosto pela política;
  • pensar a escola a partir do não escolar;
  • desalinear o trabalho escolar, permitindo passar do enfado ao prazer;
  • pensar a escola a partir de um projeto de sociedade, não sendo possível promover a realização da pessoa humana com base em valores opostos a isso.

E o texto finaliza dizendo que "a construção de uma outra relação com o saber por parte dos alunos e de uma outra forma de viver a profissão por parte dos professores tem que ser feita a par. A escola erigiu historicamente, como requisito prévio da aprendizagem, a transformação das crianças e dos jovens em alunos; construir a escola do futuro supõe a adoção do procedimento inverso: transfomar os alunos em pessoas. Só nessas condições a escola poderá assumir-se, para todos, como um lugar de hospitalidade".

Gostei muito do texto, discordei de algumas colocações, refleti sobre outras, foi muito legal incluí-lo em minhas reflexões sobre as aulas do Cláudio. Se quiserem posso disponibilizá-lo para vocês.

Um abraço, Karla Costa.

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